quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Evolução dos Gatos (Parte IV)

por Stephen J. O`Brien e Warren E. Johnson
Revista: Scientific American - Brasil
Edição: 63 - Agosto/2007

RESOLVENDO O QUEBRA CABEÇA


Historicamente, os taxonomistas sempre tiveram dificuldade em classificar as famílias de felinos porque os registros fósseis são dispersos e é difícil distinguir, no fóssil, uma espécie da outra. Ao analisar o DNA de todas as 37 espécies vivas, os autores conseguiram distinguir oito linhagens na família de felídeos. O DNA foi obtido da coleta de amostras de sangue ou de tecido de cada uma das espécies. Não foi fácil obter todas elas, porque algumas espécies são raras e vivem em locais remotos. Os taxonomistas também analisaram sete espécies “fora do grupo”, parentes próximos dos gatos, da família Viverridae, do gato-almiscarado e do mangusto. Essas espécies forneceram a linha de referência para que as divergências encontradas entre os dados, na família Felidae, fossem estimadas.

Os cientistas analisaram o DNA dos cromossomos X e Y e das mitocôndrias (partes da célula que geram energia e são transmitidas através da linha materna). Eles se concentraram na seqüência de DNA de 30 genes diferentes, ao todo 22.789 letras de nucleotídeos para cada espécie de felino. Praticamente a metade dessas seqüências é variável ao longo das diferentes espécies. É nessas diferenças que os investigadores se baseiam para determinar o parentesco entre os grupos e em que época eles surgiram. Os genes acumulam mudanças ao longo do tempo. Se não forem prejudiciais, essas mudanças persistem. Assim, uma espécie que emerge primeiro tem mais tempo para seus genes sofrerem mudanças e apresentar maior variação em um certo gene. Então é possível afirmar com segurança que espécies cujos genes compartilham mudanças iguais estão mais próximas.

Como a análise do DNA permitiu que os pesquisadores esclarecessem os nós das ramificações ou “forquilhas” na árvore da família dos felídeos, eles se concentraram na análise dos fósseis, para estimar quando realmente aconteceram. A idade de dezenas de fósseis de felinos ancestrais foram determinadas por paleontólogos utilizando métodos de datação.

Certos fósseis de felinos considerados elos perdidos (ancestrais comuns mais recentes de grupos como o dos grandes felinos, linces ou jaguatiricas) forneceram 16 datas para pontos específicos de ramificação na árvore genealógica dos felídeos. Em seguida, programas matemáticos de computador baseados em um relógio molecular acumulativo contínuo transformaram os dados genéticos em estimativas do tempo transcorrido após cada nó de divergência. (A idéia do relógio molecular pressupõe que algumas mudanças evolutivas ocorreram a uma taxa regular. Por exemplo, mutações podem ser incorporadas ao DNA de genes a uma taxa constante ao longo de milhões de anos. Assim, diferenças no DNA podem estimar a data em que duas linhagens se separaram de um ancestral comum.)

A contribuição mais recente foi o seqüenciamento genético completo de um gato da Abissínia batizado Cinnamon (“Canela”). O seqüenciamento de Cinnamon, juntamente com o de outras 32 espécies de mamíferos (incluindo humanos, camundongos, cachorros, vacas, elefantes e representantes da maioria das ordens de mamíferos), forneceu um conjunto quase ilimitado de informação genética ao longo dos 100 milhões de anos de história mamíferos modernos. – Os editores

Multimídia
Veja aqui fascinante ramificação da árvore genealógica dos felinos.
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